Zygmunt Bauman: Vivemos Tempos Líquidos. Nada é para durar.
Estamos cada vez mais aparelhados
com iPhones, tablets, notebooks, etc. Tudo para disfarçar o antigo medo da
solidão. O contato via rede social tomou o lugar de boa parte das pessoas, cuja
marca principal é a ausência de comprometimento. Este texto tem como base a
ideia do “ ser líquido ”, característica presente nas relações humanas atuais.
Inspirado na obra “ Amor Líquido ” – sobre a fragilidade dos laços humanos, de
Zigmunt Bauman. As relações se misturam e se condensam com laços momentâneos,
frágeis e volúveis. Num mundo cada vez mais dinâmico, fluído e veloz. Seja real
ou virtual.
O
sociólogo polonês Zygmunt Bauman é um dos intelectuais mais respeitados da
atualidade. Aos 87 anos, seus livros venderam mais de 200 mil cópias. Um
resultado e tanto para um teórico. Entre eles, “ Amor liquido ” é talvez o
livro mais popular de Bauman no Brasil. É neste livro que o autor expõe sua
análise de maneira mais simples e próxima do cotidiano, analisando as relações
amorosas e algumas particularidades da “ modernidade líquida ”. Vivemos tempos
líquidos, nada é feito para durar, tampouco sólido. Os relacionamentos escorrem
das nossas mãos por entre os dedos feito água.
Bauman
tenta mostrar nossa dificuldade de comunicação afetiva, já que todos querem
relacionar-se. Entretanto, não conseguem, seja por medo ou insegurança. O autor
ainda cita como exemplo um vaso de cristal, o qual à primeira queda quebra. As
relações terminam tão rápido quanto começam, as pessoas pensam terminar com um
problema cortando seus vínculos, mas o que fazem mesmo é criar problemas em
cima de problemas.
É
um mundo de incertezas, cada um por si. Temos relacionamentos instáveis, pois
as relações humanas estão cada vez mais flexíveis. Acostumados com o mundo
virtual e com a facilidade de “ desconectar-se ”, as pessoas não conseguem manter
um relacionamento de longo prazo. É um amor criado pela sociedade atual
(modernidade líquida) para tirar-lhes a responsabilidade de relacionamentos
sérios e duradouros. Pessoas estão sendo tratadas como bens de consumo, ou seja,
caso haja defeito descarta-se – ou até mesmo troca-se por “ versões mais
atualizadas ”.
O
romantismo do amor parece estar fora de moda, o amor verdadeiro foi banalizado,
diminuído a vários tipos de experiências vividas pelas pessoas as quais se
referem a estas utilizando a palavra amor. Noites descompromissadas de sexo são
chamadas “ fazer amor ”. Não existem mais responsabilidades de se amar, a palavra
amor é usada mesmo quando as pessoas não sabem direito o seu real significado.
Ainda
para tentar explicar a relações amorosas em “ Amor Líquido ”, Bauman fala sobre
“ Afinidade e Parentesco.” O parentesco seria o laço irredutível e inquebrável.
É aquilo que não nos dá escolha. A afinidade é ao contrário do parentesco.
Voluntária, esta é escolhida. Porém, e isso é importante, o objetivo da
afinidade é ser como o parentesco. Entretanto, vivendo numa sociedade de total “ descartabilidade ”, até as
afinidades estão se tornando raras.
Bauman
fala também sobre o amor próprio: o filósofo afirma que as pessoas precisam
sentir que são amadas, ouvidas e amparadas. Ou precisam saber que fazem falta.
Segundo ele, ser digno de amor é algo que só o outro pode nos classificar. O
que fazemos é aceitar essa classificação. Mas, com tantas incertezas, relações
sem forma – líquidas – nas quais o amor nos é negado, como teremos amor
próprio? Os amores e as relações humanas de hoje são todos instáveis, e assim
não temos certeza do que esperar. Relacionar-se é caminhar na neblina sem a
certeza de nada – uma descrição poética da situação.
“ Para ser feliz há dois valores essenciais que são absolutamente
indispensáveis […] um é segurança e o outro é liberdade. Você não consegue ser
feliz e ter uma vida digna na ausência de um deles. Segurança sem liberdade é
escravidão. Liberdade sem segurança é um completo caos. Você precisa dos dois.
[…] Cada vez que você tem mais segurança, você entrega um pouco da sua
liberdade. Cada vez que você tem mais liberdade, você entrega parte da
segurança. Então, você ganha algo e você perde algo ”, afirma o filósofo.
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