Este
texto colabora para descobrir o que falta quando sentimos que a vida está
perdendo o sentido. Legal refletir sobre os seus ensinamentos.
Afinal, o que você quer?
Muitas pessoas dizem querer alguma coisa, mas
mal conseguem fazer por onde. Já viu algo assim, prezado(a) leitor(a)? Pois é,
também vi. Inclusive já vivenciei. Isso ocorre quando a vontade está dividida
na pessoa. Até certo ponto, ela quer e busca, mas a partir dele o desejo já não
é mais o mesmo. Exercer a vontade é um exercício de autoconhecimento e de
crescimento.
O
exercício da vontade é fruto das percepções sobre si mesmo. Por exemplo, ao
perceber que estou sentindo fome eu percebo a vontade de preencher a sensação
do vazio que há em meu corpo. A partir daí penso para descobrir o que e de que
forma algo poderia satisfazer minha vontade. Me lembrei de que tem pão e queijo
em casa. Pronto! Agora parto para a ação e faço um delicioso queijo-quente.
Nesse exemplo simples é fácil perceber como funcionam os desejos humanos.
Percebo um “vazio”, traço caminhos e parto para a realização. Sentir, pensar e
agir.
Entretanto,
nem sempre é assim que as pessoas fazem suas escolhas. Na era da velocidade e
da impessoalidade em que vivemos, é muito comum certo afastamento de si mesmo.
Somos impelidos socialmente a buscar um bom emprego, um relacionamento (ou a
não ter um), a sermos bem-sucedidos, éticos, a não sermos antiéticos, a sermos
originais e ao mesmo tempo não sermos diferentes dos outros, etc. Com tantos
apelos, somados a uma cultura que não promove a autoobservação, muitas pessoas
correm atrás de coisas, mas não sabem de fato o que querem.
Dessa
forma, se envolvem em inquietações que não seriam necessárias. Correm atrás de
um determinado emprego, mas são incapazes de lidar com a frustração do
insucesso. Buscam um relacionamento, mas acham que as pequenas diferenças não o
fazem mais valer a pena. Ou, por outro lado, quando não querem algo sério,
sentem-se envolvidos emocionalmente, mas fingem que não tem nada acontecendo,
só para manter a autoimagem de solteiro inatingível. Da mesma forma, têm
atitudes éticas na rua, mas tratam com indiferença e desrespeito quem mora no
próprio lar. Enfim, inúmeros exemplos poderiam ser dados aqui.
Nem
sempre lidamos de forma franca com a nossa própria vontade. Demonstramos assim
estar interiormente divididos e mostramo-nos contraditórios. Afinal, não
sabemos exatamente o que queremos, mas corremos atrás mesmo assim. Temos
dificuldade de estar frente a frente com o silêncio interior que diz exatamente
qual é o nosso vazio, a cada momento.
Mas
a sabedoria do corpo e das necessidades mais primárias humanas nos ensina muita
coisa. Nos mostra que estar atento ao que se sente nos permite buscar algo que
tenha mais a ver com nosso momento. Revela também que esse sentimento me guia
naturalmente para a formulação e para a execução do que preciso para buscar
satisfazer minha vontade (mesmo que eu não consiga alcançar exatamente o
objetivo inicial).
No
exemplo inicial, eu poderia pensar em comer um sanduíche de queijo, mas só
encontrar biscoito e ficar satisfeito com isso. Mas o importante foi que eu
sabia o que queria, corri atrás e alcancei a satisfação. Senti, pensei e agi,
para ficar satisfeito e em paz para, nesse silêncio das necessidades, novamente
sentir um anseio, pensar e agir…
A
simplicidade dessa constante atitude nos ensina a lidar com a dor das derrotas
e frustrações, bem como com a euforia das vitórias. Afinal, mais importante do
que as “coisas em si” que eu almejo, é estar atento ao que verdadeiramente
estou buscando, a cada momento.
Fonte: Fãs da Psicanálise
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