Um guia das
competências que todo líder deve ter, segundo o fundador da Companhia de Jesus.
Liderança
tem a ver com direcionamento. Ter preocupação com as pessoas e não só com as
tarefas, proporcionar uma visão de conjunto, acompanhar, inspirar…
É
por isso que o conceito de “liderança inaciana” se popularizou nas diretorias
das empresas. O termo se refere ao exercício de recuperação das instituições
praticado por Santo Inácio de Loyola e à forma como ele acompanhava as pessoas
até o sucesso de uma determinada missão.
As
dimensões da liderança inaciana servem para orientar tecnicamente os ocupantes
de cargos de direção em relação aos valores e princípios relacionados com a
tradição dos jesuítas. Elas foram extraídas do célebre escrito “Exercícios
Espirituais” e de um texto menos conhecido: “Constituições da Companhia de
Jesus e Normas Complementares”. Confira:
1.
Competências pessoais
- Autoconhecimento: viver com confiança, buscar, em seu interior, a motivação para a liderança;
- Autorregulação: gerenciar e
encarar com serenidade as emoções;
- Motivação: entender o cargo diretivo como um
serviço, assumir os custos pessoais que isso implica e gostar de ser
avaliado e de prestar contas de seu trabalho;
- Espiritualidade: saber como
Deus age em sua vida, ter realizado os Exercícios Espirituais de Santo
Inácio e encontrar formas de colaboração para uma visão comum.
2.
Competências sociais
- Relacionamento: estabelecer
relações interpessoais afetivas com as pessoas, gostar de gente, ganhar o
respeito e inspirar confiança;
- Acompanhamento: cuidar das
pessoas, promover o desenvolvimento integral dos colaboradores e seu
comprometimento à missão da empresa;
- Equipes: contribuir com
a criação de um bom clima organizacional, fomentar a unidade, a coesão e a
solidariedade internas, reconhecer as atitudes, os esforços e os
resultados das pessoas;
- Dimensão
corporativa: delegar responsabilidades,
motivar a comunidade e criar metodologias de trabalho participativas.
3.
Competências estratégicas
- Conhecimento
da missão: conhecer
o legado de Inácio de Loyola e a tradição apostólica da Companhia de
Jesus;
- Ambiente: interpretar
o contesto religioso, cultural, econômico, social e político em que está
inserida a empresa;
- Fé e
diálogo: fomentar a
criação de uma comunidade plural de pessoas, onde os crentes expressam sua
fé e respeitam as ideias de quem não compartilha com ela;
- Justiça
e ecologia: analisar
criticamente a realidade, em especial no âmbito em que se desenvolve a
atividade da obra, impulsionar projetos de superação dos problemas
sociais, como a inequidade, pobreza, exclusão e questões ambientais;
- Estratégia: estabelecer diagnósticos, ser capaz de
compreender e abordar os desafios para planejar e gerar uma estratégia
comum com outras instituições jesuítas do seu setor e de outros setores
apostólicos;
- Gestão: procurar amar,
servir, cuidar das pessoas e estar onde os outros não estão.
4.
Competências transversais
- Decisões: tomar
decisões por meio do discernimento espiritual inaciano e compreender as
consequências dessas decisões;
- Mudanças: liderar a
elaboração e execução de projetos inovadores, incluir as pessoas na
mudança, estimular a reflexão e a busca constante de melhorias;
- Reflexão
compartilhada: levar em conta a sabedoria e a experiência dos
outros, promover encontros e reuniões com os colaboradores, aprender com a
experiência e sistematizar sua reflexão.
O
reitor da Universidade de Deusto [Espanha], José María Guibert, defende que “ as
organizações podem ser o caminho do bem. Mas, se não se cuidarem, podem ser
fonte de mal-estar, desumanização, secularização e injustiça ”. Ele conta
isso em seu livro: “ El liderazgo ignaciano. Una senda de transformación y
sostenibilidade” (“ A liderança inaciana. Uma senda de transformação e
sustentabilidade ”). Desde 2010, o padre Guibert dirige um projeto de formação
em liderança inaciana.
Fonte: https://pt.aleteia.org - Miriam
Diez Bosch
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