quarta-feira, 5 de junho de 2019

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Sabemos o que é um Amor?


Será que sabemos o que é um amor? T. S. Eliot trabalhou oito anos como empregado bancário no Lloyds, em Londres. Passava os dias no gabinete subterrâneo que lhe estava atribuído, sentindo o tempo inteiro os passos dos transeuntes sobre a sua cabeça. Duas libras esterlinas e dez xelins eram o seu soldo. Cumpria o horário das 9h15 às 17h00 e, numa das primeiras cartas que dali escreveu à mãe, dizia-se feliz por poder dedicar-se à poesia no tempo restante. Mas, à medida que os anos passavam, era como se lhe faltasse o ar. Apanhava o comboio para a City, vestido de escuro, com o guarda-chuva pendurado no braço, o cabelo impecável, com o risco a meio, enfileirado atrás de uma multidão trajando de maneira igual. 

No livro Terra Devastada deixará este registro: «Cidade irreal / Sob o nevoeiro castanho de uma madrugada de inverno, / Uma multidão fluía sobre a Ponte de Londres, tantos, / Eu não pensava que a morte tivesse destruído tantos.»
O poeta Philip Larkin trabalhou como bibliotecário praticamente toda a vida, pois percebeu que não conseguiria subsistir apenas da escrita, por muito que o desejasse. Depois da jornada laboral permanecia em casa, evitando saídas que o dispersassem. Jantava, lavava a louça e punha-se a escrever. 

Será que sabemos o que é um amor? 

Fonte: Tolentino Mendonça, in 'O Pequeno Caminho das Grandes Perguntas' 

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